Oração da mata
Santa mata ameaçada
Nem reciclada ou desbotada
Te desejo encontrar
Apenas peço com fervor
Que aguente firme a parada
E cada vez menos “aparada”
Eu possa contigo ainda contar.
A sede que me vens matando,
A fome que me vens saciando
Confundem-se agora com o velho poder
Que tem te matado aos poucos de sede e fome,
Confundindo valores como se a existência
Se contentasse com o que se chama pobreza
Esquece-se que tua verdadeira realeza
Só se faz através de tua tão farta abundância
Poderia te cantar em mil e um versos,
Acender-te velas e clamar por ti através de
Santos e mantras...
Gritar, espernear, chorar, protestar...
Encher umas folhas de um livro, distribuir panfletos,
Fingir que nada disto acontece e que
É tudo coisa da minha cabeça
Também fazer greve,
Apagar todas as linhas do mapa mundi,
E incêndios assassinos
Assassinar a ideia de poder e de estar se sentindo
Impotente diante de tantas perdas e de tantas distantes soluções,
Mas diante de tudo não posso rogar por tamanha mudança,
Quase descomunal, complexamente estrutural,
Inconvenientemente paradoxal
Apenas peço aos eternos vigilantes
Que te agraciem, te abençoem e te prezem,
Pois só assim poderei simplesmente lembrar
Que homem sou e muito tenho a preservar.
Ana Beatrís Raposo
Preghiera alla foresta
Santa foresta minacciata
Né riciclata né sbiadita
Ti voglio ritrovare
E ti chiedo adesso con fervore
Di tenere duro, per favore
Per vederti sempre meno disboscata
E poter ancora contare su di te.
La fame e la sete che da sempre mi hai tolto
Adesso si confondono col vecchio potere
Che poco a poco di fame e sete ti uccide,
Confondendo certi valori, come se l’esistenza
Si contentasse di quello che si chiama povertà,
E si scorda che la tua nobile creanza
Dipende solo della tua abbondanza.
Potrei dedicarti mille versi, accenderti mille candele,
Pregare a tutti i santi e intonare mille mantra.
Potrei gridare, dimenarmi, piangere, protestare,
Scrivere libri, distribuire volantini e fissare cartelloni,
Fare finta che niente di questo accade
E che faccio tutto di testa mia.
Poteri anche scioperare,
Cancellare le linee del mappamondo
E provocare incendi criminali.
Potrei uccidere l’idea di potere e l’idea di sentirmi
Impotente dinanzi alle perdite e alle distanti soluzioni.
Ma di fronte a tutto questo
Non oso sperare in un così grande cambiamento,
Quasi colossale, strutturalmente assai complesso
E tanto inconveniente quanto paradossale.
Voglio solo chiedere ai tuoi eterni custodi
Di abbracciarti, benedirti e curarti
Poiché solo così potrò semplicemente ricordare
Che uomo sono e che ho ancora tanto da preservare.
Ana Beatrís Raposo